" Ide por todo o mundo e pregai o evangelho
          Marcos 16:15
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Marcos 16:15
A igreja não é um parque de diversões
Postado em 11/Março/2020
Para Henry H. Halley, ministro e autor evangélico na primeira metade do século 20, a maior fraqueza do protestantismo é a ausência dos membros nas reuniões da igreja. Isso, contudo, é agravado pela atitude de muitos dos que ainda frequentam os cultos, enfadados e negativos.
Por que tanta relutância em relação à igreja? A lista das razões pode ser longa, todas iniciadas com um “se”: “se o coral cantasse melhor”; “se a pianista tocasse mais alto”; “se a música fosse mais animada”; “se voltássemos a cantar os hinos antigos”; “se o pregador falasse apenas 20 minutos”; “se os bancos fossem mais confortáveis”; “se o serviço de som fosse melhor”; “se tivéssemos ar-condicionado”, etc. Pode você identificar-se com essas desculpas? O problema não está com a igreja, mas com a má compreensão dela.
A igreja não é primariamente um lugar para o qual vamos com a finalidade de sermos entretidos. Não é um local em que uma plateia se assenta de braços cruzados para assistir a um show. A igreja não apresenta um espetáculo aos sentidos, em que alguns “atores” devem se esforçar para agradar pessoas mal-humoradas. A igreja não é um lugar em que pessoas com carrancas de desaprovação dizem ao pregador que não estão gostando de seu desempenho. A igreja não é um parque de diversões para distrair pessoas enfadadas.
A igreja é primariamente um lugar de culto. Jesus disse: “A Minha casa será casa de oração.” (Lucas 19:46). A igreja, note bem, não é um lugar aonde você vai primariamente para receber qualquer coisa. Em vez disso, você vai oferecer seu louvor e sua adoração, oferecer a vida a Deus e aos outros, em serviço alegre e voluntário. Alguns perguntam: “O que tem a igreja para me oferecer?” Se tal pergunta não é feita em palavras, ela é manifestada em nossa atitude consumista, camuflada de cristianismo.
Acostumados a nos assentar passivamente diante da TV, vemos a igreja com o mesmo espírito. Mas, se estamos buscando um espetáculo, a igreja não pode competir com Hollywood, que, além de contar com tecnologia, recursos e estímulos para anestesiar os sentidos, manipula a natureza caída que se alimenta daquilo que é oferecido. A mensagem da igreja é precisamente contrária à nossa natureza básica, que precisa ser redimida e transformada. Gostaria de fazer algumas sugestões que poderiam tornar mais significativa sua ida à igreja para a adoração:
1. Comece orando na noite anterior à sua ida à igreja. Ore para que Deus fale a você pessoalmente por meio do sermão, da música, do estudo das Escrituras ou de qualquer outro aspecto do culto. Ore para que o pregador seja livre no Espírito. Livre do medo, da insegurança humana, das distrações. Ore para que a Palavra de Deus o alcance com poder, de forma clara, oportuna, efetiva e redentora. Ore pela conversão de alguém.
2. Vá à igreja para ter um encontro com Deus. Você percebeu quantos itens na lista dos “ses” estavam relacionados com Deus? Exatamente. Nenhum deles. Isso acontece porque permitimos que o culto esteja centralizado em nós. O culto tornou-se o que nós queremos, focalizado naquilo que nos satisfaz. O culto verdadeiro está relacionado com Deus. Vá à igreja com alegria, júbilo (Sl 100:2, 4), reverência e gratidão. Há pessoas que realmente vão à igreja para adorar, não para se distrair, ficar nos corredores, no saguão, nos degraus ou nas salas dos departamentos. Outras pessoas vão à igreja, mas nunca chegam até ela.
3. Antes de ir à igreja, faça uma lista de pelo menos dez coisas pelas quais você louva a Deus. Leve a lista com você. Quando chegar o instante da oração, medite nesses dons divinos. Reconheça que Deus é bom, que “toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança” (Tg 1:17). O louvor convida a presença de Deus. Leia 2 Crônicas 5:11-14. Imagine o espetáculo, como descrito nesse texto. O louvor convida a presença da glória de Deus. Mude o foco dos problemas ou das situações da vida para Aquele que resolve os problemas e muda situações adversas.
4. Leve caneta e papel para a igreja. Faça anotações. Não fique apenas assentado, esperando receber o alimento na boca. Leve sua Bíblia. Procure as passagens. Escreva os pontos e ideias principais do sermão. Isso ajudará você a ficar conectado. Faça um sumário do sermão para enviar a alguém que não tenha ido à igreja. Isso aumentará sua habilidade de ouvir Deus falando a você e abençoará outros.
5. Escolha os bancos na primeira metade da igreja. Por que muitos competem pelos últimos bancos? Indo ao teatro, no campo de esportes ou em qualquer espetáculo, as pessoas procuram se assentar o mais próximo possível do palco. As primeiras cadeiras custam mais caro. Os mais interessados querem estar perto da ação. Na igreja, muitos agem de forma inversa. Observadas as exceções, como pais com crianças pequenas e pessoas enfermas, os últimos lugares podem significar desinteresse ou falta de compromisso. Como professor, raríssimas vezes vi bons alunos nos últimos bancos. Se você se assentar atrás, possivelmente terá sua atenção distraída. Vá para a frente, onde aquilo que desvia a atenção é mínimo. Lá você pode ver melhor, ouvir melhor e receber a bênção que o Senhor tem para você.
6. Pense em ser uma bênção para os outros, em vez de meramente buscar uma bênção para você. Peça que Deus o desperte para alguém que necessite de um sorriso, um abraço, uma palavra de encorajamento, uma oração. Não fique satisfeito em sair do culto até que você tenha tornado a ida de alguém à igreja significativa para ela. Isso é precisamente o que dá sentido à igreja. A igreja não é o carpete, um sistema de som perfeito, computador, apresentação multimídia. A igreja tem que ver com pessoas preocupadas em servir e abençoar. Não espere por outros. Tome a iniciativa!
7. Finalmente, quando você for à igreja, vá em atitude de perdão e aceitação. Procure, pela graça divina, desintoxicar-se do ódio, da hostilidade, da rejeição e da amargura contra outros irmãos e irmãs. Lembre-se, nosso inimigo não é nenhum ser humano. Por menos que gostemos de algumas pessoas, elas também são vítimas dele. Segundo Jesus, “se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mt 5:23, 24). Isso é difícil? Sem dúvida. Gostaria que Ele não tivesse dito isso. Mas Ele disse, e não posso mudar Sua ordem.

Amin A. Rodor (Meditações Diárias: Encontros com Deus, pp. 207-209)

Nota do blog: Em um artigo intitulado Um Templo ou um teatro?, Charles H. Spurgeon escreveu:
"Por meio de apresentações dramatizadas, os pastores fazem com que as casas de oração se assemelhem a teatros; transformam o culto em shows musicais e os sermões, em arengas políticas ou ensaios filosóficos. Na verdade, eles transformam o templo em teatro e os servos de Deus em atores cujo objetivo é entreter os homens. Não é verdade que o Dia do Senhor está se tornando, cada vez mais, um dia de recreação e de ociosidade; e a Casa do Senhor, um templo pagão cheio de ídolos ou um clube social onde existe mais entusiasmo por divertimento do que o zelo de Deus?"
Creio que precisamos de forma genuinamente bíblica, nos voltar para o culto que arranca o orgulho do nosso coração e nos constrange a dizer: ai de mim, pecador! Assombrar-nos pela presença poderosa de Deus com um santo temor reverente e profunda admiração pela Sua glória e livre graça soberana!
Com relação ao comportamento na casa de Deus, Ellen G. White nos advertiu:
"Houve uma grande mudança, não para melhor mas para pior, nos hábitos e costumes do povo com relação ao culto religioso. As coisas sagradas e preciosas, destinadas a prender-nos a Deus, estão quase perdendo sua influência sobre nosso espírito e coração, sendo rebaixadas ao nível das coisas comuns. A reverência que o povo antigamente revelava para com o santuário onde se encontrava com Deus, em serviço santo, quase deixou de existir completamente. Entretanto, Deus mesmo deu as instruções para Seu culto, elevando-o acima de tudo quanto é terreno" (Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 193).
"Todo o culto deve ser efetuado com solenidade e reverência, como se fora feito na visível presença do próprio Deus. Deus deve ser a razão exclusiva de nossos pensamentos e de nossa adoração; qualquer coisa tendente a desviar a mente de Seu culto solene e sagrado constitui uma ofensa a Ele" (Conselhos para a Igreja, p. 258).
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